quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Vitrola Psicanalítica de Leonardo Luiz.
Leonardo Luiz nos convida a explorar o tema e nos mostra que, quando analista e analisando compartilham da dimensão do prazer musical, o campo das significação se torna musical e se transforma naquilo que Leonardo denomina de “vitrola analítica”, re-escutando melodia e canções, evocando e realocando antigos sentidos guardados alhures. Em especial, Leonardo enfatiza o fenômeno da canção. Todos já nascemos musicados, marcados por uma genética musical da espécie, mas é preciso ocorrer o encontro dos primeiros sons com as primeiras visões, cheiros, sabores e sensações de dor e prazer para que se crie um campo sonoro pessoal, experiencial e anterior ao discurso. Um mundo arcaico, atravessado pelos sons e, especialmente, pelas melodias que nos marcam. Neles se condensam os sentidos e se produz uma expriência sonora íntima que, mais tarde, ao se amalgamar à palavra compreendida, conferirá à palavra cantada, à canção, o poder de transitar através das camadas de memória e de evocar e desvelar vivências que o discurso não alcança.
Além de trazer reflexões sobre a natureza de nossas relações com as várias facetas do fenômeno musical (timbres, ritmos e melodias) e de discutir os processos associativos e o papel do “terceiro analítico” - que dá sentido à experiência psicanalítica -, Leonardo nos apresenta vinhetas clínicas. Com elas busca ilustrar como, pela música e especialmente pelas recordações evocadas por canções que marcam nossa história, é possível infiltrar-se pelos meandros das sensações indizíveis, dos nascedouros onde as memórias arcaicas se manifestam, desvelando desejos e propiciando insights, ressignificando idéias ou simplesmente expondo afetos, aproximando o sujeito de sua própria verdade.
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